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Quase 100% da população teme usar transporte público por causa do coronavírus: quais são os impactos para a saúde e mobilidade urbana?

Quase 100% da população teme usar transporte público por causa do coronavírus: quais são os impactos para a saúde e mobilidade urbana?

 

 

Estudo mostra que 93% dos brasileiros consideram arriscado usar transporte público durante a pandemia de Covid-19. Veja consequências.

Um estudo realizado pelo PoderData mostra que 93% dos brasileiros consideram arriscado usar transporte público durante a pandemia de Covid-19. Outros 25% veem risco médio, e 3% acham que não é arriscado.

Reflexos para a saúde

Este índice, quase que unânime, é normal, considerando que toda essa realidade é absolutamente nova, afirma a psicóloga Marcia Dolores Resende, pós-graduada em criatividade e inovação pela FAAP. De acordo com ela, naturalmente o medo intensifica todos as emoções que agravam a sensação eminente de perigo, inclusive influenciando o sistema imunológico, causando tensão e estresse.

“A insegurança em relação à vida e consciência da morte como algo presente traz as inseguranças mais profundas da mente e alma humana, alterando a percepção da realidade, potencializando as inseguranças e deixando o sistema em alerta. Quando isso ocorre, há inconscientemente uma busca em validar o medo como algo concreto, ou seja, as pessoas com medo só encontram dados que confirmem sua fragilidade e risco, e estarão sensíveis emocionalmente ou psicologicamente a toda manifestação do organismo, acreditando que toda alteração significa risco profundo”, explica.

A psicóloga orienta que se as pessoas que precisam, inevitavelmente, usar o transporte público, mantiverem a serenidade assim como as medidas de higiene que são eficazes e, sobretudo, se reconhecerem que dessa forma estarão mais seguras, essas, terão melhores resultados para enfrentar esse momento. “O risco diminui com nossas ações de consciência e higiene, e o nosso psicológico influencia nosso corpo e vice versa. Então, o que temos em nossas mãos para nos proteger são medidas de higiene e segurança no contato e equilíbrio emocional e psicológico”, garante.

Impactos para mobilidade urbana

 

Um dos principais impactos do temor pelo uso de transportes públicos durante a pandemia está na escolha pelo transporte individual, avalia Roberta Torres, mestre em promoção da saúde e prevenção da violência no trânsito e CEO da Setes, especializada em treinamento e capacitação de profissionais da área da mobilidade e segurança no trânsito. Segundo ela, muitas pessoas que antes da pandemia optavam pelo transporte público, agora podem ter voltado para o individual, com medo de se contaminar. Isso impacta diretamente no trânsito como um todo.

Porém, boa parte dos brasileiros tem o transporte público como a única opção para ir e vir, mas, de acordo com a especialista, essa realidade não é ruim se retirarmos o fato de que estamos vivendo este momento de pandemia.

“A grande questão é que melhorar o transporte público coletivo não tem sido prioridade no Brasil. Historicamente as cidades têm sido ampliadas pensando exclusivamente nos automóveis. Isso faz com que o transporte público seja ‘mal visto’ pelas pessoas. Ao passo que deveríamos dizer: ‘andar de ônibus ou metrô é ótimo, menos estressante, mais rápido e confortável’. No entanto, ainda estamos longe de chegar a isso em vários lugares do país”, considera.

Neste aspecto, Torres enfatiza o papel fundamental dos gestores municipais em, além de orientar a população sobre os cuidados necessários, devem fiscalizar e exigir o cumprimento das regras que são estabelecidas. Como por exemplo, a higienização dos ônibus e o uso do álcool em gel, ou seja, zelar para que os riscos sejam minimizados, embora ele ainda exista.

O grande desafio

Pensando sobre o que pode ser feito para diminuir o impacto da pandemia no trânsito brasileiro e dar melhores condições de mobilidade com menos riscos de contaminação à população que usa o transporte coletivo, Roberta destaca a empatia.

“Estamos falando de uma parcela muito grande da população que não tem a escolha entre trabalhar em casa ou ir de bicicleta para o trabalho. Então, a velha máxima de sempre, de que a gente precisa contar com a ajuda de todos, vai prevalecer”, acredita.

E isso, segundo ela, também cabe para as empresas que, se mantiverem parte da equipe em home-office ou fizerem rodízio de turnos dos horários para entrada e saída, estarão, da mesma forma contribuindo. “Isso vale para a pandemia, mas também, para as atitudes no dia a dia do trânsito, com o respeito às regras, consideração e cuidado com o próximo, cada um fazendo a sua parte: os gestores, as autoridades, as empresas e a população. Acho que esse é o nosso grande desafio e, nesse aspecto, acredito que a educação tem um papel fundamental”, finaliza.

 

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Contran aprova alterações nas regras para fiscalização de velocidade: o que muda e o que melhora?

Contran aprova alterações nas regras para fiscalização de velocidade: o que muda e o que melhora?

 

 

As alterações nas normas para fiscalização de trânsito serão benéficas para o trânsito brasileiro? Leia a reportagem de Pauline Machado.

 

Com o objetivo de promover a fiscalização ostensiva no trânsito, priorizando o cunho educativo e não unicamente punitivo, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) estabeleceu, neste mês de setembro, novas regras para o uso dos radares pelos órgãos de fiscalização. 

A partir de agora, os radares fixos só podem ser instalados em locais onde houver placas de sinalização indicando o limite máximo de velocidade da via. Nos locais em que houver redução do limite de velocidade, deverá haver placas indicando a gradual redução. De acordo com a norma, passa a ser proibida a instalação de radares em locais onde haja obstrução da visibilidade por placas, árvores, postes, passarelas, pontes etc.

“O propósito das mudanças aprovadas é fazer com que o condutor seja alertado sobre o limite de velocidade da via, perceba os riscos, reduza a velocidade do veículo e, assim, diminuir a chance de ocorrer acidentes. O que se pretende é fazer com que os limites de velocidade sejam obedecidos em vez de simplesmente multar o condutor. A fiscalização ostensiva e educativa fortalece medidas preventivas e de segurança, evitando violações de normas”, explica o presidente do Contran e diretor-geral do Denatran, Frederico Carneiro.

Entre as modificações aprovadas, também estão a proibição do uso de equipamentos sem dispositivo registrador de imagem; a restrição do uso do radar do tipo fixo redutor em trechos críticos e de vulnerabilidade de usuários da via, especialmente, pedestres, ciclistas e veículos não motorizados; e a publicação da relação dos trechos e locais aptos a serem fiscalizados nos sites da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via.

O que muda e o que melhora?

Neste sentido, André Garcia, consultor em Segurança no Trânsito, ressalta que o Brasil conta com legislação para fiscalização de velocidade desde a vigência do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), de 1997, que entrou em vigor em 22 de janeiro de 1998.

De acordo com ele, houve um período em que era obrigatório informar que a via pública contava com fiscalização eletrônica. Este período durou de 22/11/2006 (Resolução 214/06) a 22/12/2011 (Resolução 396/11). No entanto, foi neste mesmo tempo que se criou a modalidade de frear para que o condutor não fosse multado.

Embora Garcia veja o ‘dificultar o excesso de velocidade na via pública por medo de ser multado’, como o principal benefício dos radares, ele não reconhece tais mudanças aplicadas pelo Contran como positivas para o trânsito.

“É redundante o Contran afirmar o que já é explícito no Código de Trânsito Brasileiro – CTB, no que tange à sinalização da via pública. A fiscalização deve existir sem que o cidadão saiba onde ela ocorre para que as leis de trânsito sejam cumpridas. Por isso, tais mudanças não trazem efetivamente melhorias para o trânsito brasileiro”, afirma.

Ainda, conforme o especialista, é dever do ente responsável pela via pública, utilizar sinalização adequada. “Ao motorista, cabe cumprir a regra para não ser multado. No entanto, em vários estados como São Paulo, Minas Gerais, Paraná e no Distrito Federal, os respectivos Detrans informam que, anualmente, a multa por excesso de velocidade ainda é disparada a primeira colocada. Então, o que vejo é uma forte tendência de voltarmos à prática da modalidade de frear, como tínhamos entre 2006 e 2011”, justifica.

Foco na educação

Para que, posteriormente à implantação de tais mudanças, a comunicação seja eficaz e a fiscalização seja de fato efetiva e benéfica para a educação de condutores e pedestres, Garcia considera que o governo deve utilizar propagandas em rádio, TV e internet. “É importante não apenas sugerir, mas, sobretudo, mostrar o benefício que todos os usuários da via pública têm ao cumprir as regras de trânsito. Inclusive o pedestre, que apesar da regra ‘o maior cuida do menor’, não tem direito absoluto sobre a via pública. Ele tem que, por exemplo, atravessar onde é permitido e na faixa de segurança”, analisa.

Caráter educativo x punitivo

No entanto, na opinião do especialista, para tornar a legislação de trânsito educativa, seria necessário estabelecer um novo Código de Trânsito Brasileiro. Para ele, o atual tem caráter punitivo. “No código vigente, não há um só artigo que permita ao agente de trânsito uma advertência verbal ou elucidar determinada ação do motorista. Isso ocorre porque quando se criou o CTB, o legislador entendeu que para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação é condição “sine qua non” o cidadão conhecer a legislação de trânsito. Isso não foi cumprido na esfera educacional para formação de condutores”, enfatiza.

Logo, a violência no trânsito e o descumprimento da legislação de trânsito estão diretamente relacionados à falta de educação do brasileiro, avalia.

“Parece-me que o Governo fala o que parte do povo quer ouvir quanto a acabar com a indústria da multa, o que não é verdade. Existem problemas pontuais que devem ser solucionados e quando necessário cobrar o Ministério Público para atuar em face ao gestor público. Por isso, como afirmei, não vejo melhoras substanciais com tais mudanças. O que vejo no Brasil é uma total falta de cultura de segurança viária e no cumprimento de regras que proteja o coletivo”, conclui.